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A festa vai começar
O Rio de Janeiro continua lendo é o slogan da campanha Rio Capital Mundial do Livro que teve a logo revelada em cerimônia nesta sexta, 11, no Real Gabinete Português de Leitura, com a presença do prefeito Eduardo Paes, da Ministra da Cultura, Margareth Menezes, e players do mercado editorial e da cultura.
A ministra Margareth Menezes e o Prefeito Eduardo Paes - foto Marlon Soares
Quando lançou, em 1969, Aquele Abraço, o músico Gilberto Gil popularizou a frase O Rio de Janeiro continua lindo que abre a canção. Agora, parafraseada, ela é o slogan da campanha que a partir do próximo dia 23, exalta a cidade como Capital Mundial do Livro 2025, numa escolha da UNESCO. Em vídeo, o compositor baiano, saudou o evento que terá duração de um ano, até o 23 de abril, dia do Livro, de 2026, quando o título passará para Rabat, no Marrocos. Nos 25 anos em que a UNESCO elege uma cidade por sua vocação literária, o Rio é a primeira de língua portuguesa. Ao abrir a cerimônia de apresentação do projeto, na manhã desta sexta, 11, o Prefeito Eduardo Paes, prometeu que todas as vozes serão ouvidas durante a campanha. Lembrou que o título Cidade Maravilhosa, nome da marchinha de carnaval, tornada hino carioca, foi dado pela poeta francesa Jane Catulle Mendes em visita ao Rio em 1911. “Celebraremos esse evento em todas as línguas ao longo de um ano e todas vozes se farão ouvidas”,destacou Eduardo Paes. Mas o fato de o Rio ser a primeira cidade com uma língua comum a 280 milhões de pessoas em 10 países e territórios serviu de ação de largada para a campanha. Cada país e território de língua portuguesa selecionou dois livros emblemáticos de sua cultura enviados para Lisboa, que por sua vez escolheu outras cinco obras colocadas junto com as demais em uma caixa enviada ao Rio. A caixa esteve à frente da mesa do evento e será aberta no dia 23 em homenagem simbólica a lusofonia, numa ideia da Academia Brasileira de Letras. “Daqui há um ano veremos que valeu muito a pena termos sido escolhidos como Capital Mundial do Livro”, profetizou o prefeito. “Em 2025 celebramos 40 anos da democracia brasileira na Nova República convocamos todas as lideranças políticas, comunitárias e religiosas para estimularmos juntos e acima de qualquer diferença a compra, escrita, distribuição e leitura de livros. Seja qual for o gênero ou estilo, ruim mesmo é o livro que não é lido”. A Ministra da Cultura Margareth Menezes disse que a leitura nos ensina a respeitar as diferenças e abraçar a diversidade; “é um motor de justiça social e uma fonte de inspiração para nossas vidas. Que esse momento não seja apenas uma celebração, mas um chamamento à ação. Um convite a todos para fazermos parte dessa história.“ Margareth Menezes, que se tornou um grande expoente da Música Popular Brasileira a partir de sua participação em grupos como Ilê Ayê e Olodum, na década de 80, na Bahia, pediu licença aos presentes: “minha alma de artista não consegue se conter”: Interpretou, à capela, a versão musicada do soneto Fanatismo, da poeta portuguesa Florbela Espanca que diz em um trecho; “ não tens de nada assim enlouquecida/ Passo no mundo, meu Amor a ler,/No misterioso livro do teu ser/ A mesma história tantas vezes lida.” O evento contou com outras atrações musicais previamente programadas como obras de Villa-Lobos, Guerra Peixe e Carlos Gomes interpretadas pelos solistas Vinicius Atique e Dhuly Contente. Depois foi revelada a logo do evento com um livro aberto que remete ao Pão de Açucar, um dos símbolos da cidade. Um troféu com essa imagem foi entregue, pelas mãos do Prefeito e da Ministra da Cultura, a vários representantes ligados ao livro e à leitura no Rio de Janeiro, como o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Dante Cid e o vice-presidente da Associação Estadual de Livrarias do Rio de Janeiro, Ivan Errante, acompanhado por Susana Fernandes, secretaria de diretoria da AELRJ. Durante a campanha Rio Capital Mundial do Livro a AELRJ irá lançar uma nova edição do Guia de Livrarias da Cidade do Rio de Janeiro em parceria com o SNEL e a Gerência de Livro e Leitura, da Secretaria Municipal de Cultura. Outras ações estão sendo articuladas em benefício das livrarias cariocas. Segundo Ivan Errante, é preciso que as livrarias se mobilizem e se apresentem junto à organização do evento como pontos de cultura que são, e não apenas estabelecimentos comerciais, para conseguirem espaço nos editais. A Belle Époque, livraria no Méier, Zona Norte da cidade, gerenciada por ele, já se tornou ponto de cultura. É exemplo de engajamento através de ações na loja, como debates e lançamento de livros, e da atração A Belle e a Feira, montada regularmente na rua da livraria com barracas de gastronomia, música, artesanato e atrações literárias. Segundo Isabel Werneck, diretora executiva, da campanha, a Bienal do Livro Rio 2025 foi a ação que deu mais sustento aos pilares que alçaram o Rio ao título de Capital Mundial do Livro. Diferente das edições anteriores, este ano ela será mais cedo, em junho, com duração de 10 dias, passando pelo feriado de Corpus Christi, o que vai possibilitar maior acesso de publico e torná-la a maior Bienal de todos os tempos. Outra ação é a Book Parade, com instalações em 50 locais da cidade retratando livros e autores. A inspiração foi a Cow Parade, que em 2007 distribuiu 90 vacas em pontos cariocas, de tamanho natural, em fibra de vidro, pintadas por vários artistas. Agora a ideia é conscientizar a população sobre a condição do Rio de Capital Mundial do Livro durante um ano, através da Book Parade. A mobilidade urbana será veículo para a ação Rio de Livros, quando obras literárias serão trocadas pela população em transportes coletivos como o VLT, o Metrô e a Supervia que já tem, segundo Isabel, essa atividade de troca de livros entre os usuários. A Academia Editorial Junior, que qualifica jovens para o mercado editorial, é outro projeto que vem sendo desenvolvido pelo SNEL e foi incluído na programação. O evento Paixão de Ler, da Secretária Municipal de Cultura também existe há 30 anos e será reposicionado para enriquecer a Capital do Livro: em novembro, no Museu de Arte Moderna será apresentado o projeto que durante 100 dias irá homenagear o poeta Ferreira Gullar. A abertura da Campanha Rio Capital Mundial do Livro será no Teatro Carlos Gomes, no próximo dia 23, que além de Dia Internacional do Livro é o Dia de São Jorge e Dia Nacional do Choro, data em que provavelmente nasceu um dos grandes mestres cariocas do gênero: Pixinguinha.
Kleber Oliveira 11/04/2025 . |