A Leitura Pode Mudar Sua Vida Imprimir E-mail

A implantação de projetos de leitura nas comunidades do Rio para o público infantil e juvenil foi tema do debate, quinta feira, 22, na Fundação Biblioteca Nacional com Vera Saboya, da Secretaria Estadual de Cultura e Ronna Ranning do Instituto Ler é Abraçar.

 

Vera Saboia, Ana Claudia Ramos e Ronna Ranning falam da leitura

Vera Saboia, Ana Claudia Ramos e Ronna Ranning falam da leitura

 

Mediado pela escritora Ana Claudia Ramos, o debate girou em torno das experiências das convidadas com a leitura e de projetos específicos como a Biblioteca Parque em Manguinhos e ações do Instituto Ler é Abraçar.

Vera Saboya, Superintendente de Leitura e Conhecimento da Secretaria Estadual de Cultura, narrou sua experência tardia com a leitura. Quando jovem foi dedicada a esportes, como frescobol e o interesse por livros só veio depois dos 18 anos.

Nessa idade teve o primeiro emprego na Livraria Taurus , no Leblon. A paixão por um intelectual que conheceu ali, a fez se aproximar dos livros e encarar clássicos como A Odisseia; daí se apaixonar também pela filosofia foi um pulo.

Ronna Ranning leu muito na infância por causa da mãe professora de literatura. Mas dos 12 aos 18 anos houve um desvio para outros interesses. Ela acha que fazer livros para essa faixa etária ainda é um desafio.

Para Ronna, a literatura que mudou sua vida foi a feita para infância. Trabalhou com ela na alfabetização dos excluídos na Rocinha, e tomou consciência de que nessa profissão o bom desempenho passa pelo afeto.

Para uma criança ingressar no mundo do livro, ela tem de ser segurada pela mão, por que segundo Ronna, o livro não causa espanto, não tem muitos atrativos como as outras mídias. Para ter acesso a ele existe o pré requisito da capacidade de leitura.

Com o Instituto Ler é Abraçar, Ronna Ranning, já circulou por várias comunidades no Meier, Caju, Costa Barros .Cantagalo e Mutondo, onde foi proibida de permanecer pelos traficantes.

Também circulou pelos acampamentos de desabrigados pelas chuvas em Teresopolis e, em suas andanças pelo interior ficou conhecida como a mulher da mala, por causa dos livros que levava para populações que não tinham acesso a eles.

Vera Saboya lembrou que a miséria começa pelas palavras, a falta de meios de expressão. Ela coordenou a implantação da Biblioteca de Manguinhos, a primeira biblioteca parque do Brasil que hoje tem uma média de 500 visitas por dia.

Para isso se valeu da experiência de rede e de gestão de pessoas adquirida como o trabalho na área de gastronomia. Hoje a biblioteca funciona empregando 30 moradores da região com excelente entrosamento, segundo ela.

A experiência na livraria do seu primeiro emprego também ajudou que a disposição dos livros na biblioteca tivesse um ar de livraria. Fundada ano passado a Biblioteca Parque é um sucesso mas Vera Saboya diz que fazer sucesso no deserto é fácil.

A mediadora do debate Ana Claudia Ramos disse que o trabalho das debatedoras é construir pontes e que essa metáfora também serve para o próprio livro uma ponte para o conhecimento.