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O descanso do livreiro



Presidente da AEL em cinco mandatos, Antonio Carlos de Carvalho, da Livraria Galileu, gerenciou as três lojas da tradicional rede carioca, foi incansável defensor do papel das livrarias na cadeia produtiva do livro e partiu subitamente aos 63 anos.

Antonio Carlos faleceu de ataque cardíaco enquanto dormia em seu apartamento em Copacabana na noite de segunda, 18, depois de se dedicar por trinta anos ao comércio livreiro e outros tantos às causas corporativas do ofício.
Generoso ao se dispor para a Associação Estadual de Livrarias, foi assíduo frequentador das reuniões mensais da entidade mesmo antes de assumir cargos na diretoria onde também trabalhou como tesoureiro e conselheiro fiscal.
Como presidente da AEL deu continuidade às reinvidicações de diretorias anteriores, como Isenção de IPTU para as livrarias quando articulou projeto para essa medida junto com o vereador Reimont (PT), Presidente da Comissão do Livro e Leitura da Câmara.
Também se mobilizou pela volta do Vale Livro para os professores da rede municipal de ensino, que, de grande benefício para as livrarias, foi implantado na gestão do Prefeito Cesár Maia e interrompido em 2016 na primeira gestão do prefeito Eduardo Paes.
Polêmico, Antonio Carlos pregou postura agressiva com relação às editoras para manter o equilíbrio na cadeia produtiva do livro. Protestou através de campanha da AEL, com várias inserções na mídia impressa, contra a venda direta das editoras nas escolas com o título; “ Livro se compra na livraria e não na escola”.
No final de seu último mandato em 2020 redigiu carta às entidades do livro, também publicada pela mídia, com o título “O elo mais fraco da corrente” em que questionou o favorecimento das editoras aos grandes sites de vendas de livro: “ No dia em que o elo mais fraco do mercado do livro, as livrarias, for quebrado toda a corrente sentirá os efeitos”.
Na última Convenção Nacional de Livrarias, promovida pela ANL no Rio de Janeiro, em 2019, Antônio Carlos, participou de uma mesa da programação em que criticou editoras e distribuidoras que, sob heterônimos, vendem direto ao leitor em marketplaces na internet.
Organizou campanhas como a Book Friday Rio, onde livrarias se reuniram em um site com esse nome com oferta de descontos nos preços dos livros em dias específicos, e tinha o sonho de um marketplace organizado pelas próprias livrarias.
Como livreiro, Antonio Carlos começou trabalhando com o pai Edeir de Carvalho que fundou a Galileu, na Tijuca, em 1991, e, aos 89 anos continua na livraria. Ele se revezava em dias específicos da semana nas três lojas da rede que teve a segunda unidade inaugurada em Ipanema em 1998 e a terceira no Catete em 2002.
Era bem quisto pelos funcionários para quem sempre dava muita força, segundo o livreiro Humberto Rocha Pontes, há 30 anos na loja Galileu , da Tijuca. Demescio Ribeiro, há 10 anos na loja de Ipanema, ressalta a comunicabilidade e disponibilidade que tinha em passar as informações sobre o ofício de livreiro para a equipe.
Torcedor apaixonado do Flamengo, Antônio Carlos deixa um filho, Rafael Gonçalves de Carvalho, que trabalha na área de marketing esportivo.

20/10/21