A indústria editorial de livros no Brasil Imprimir E-mail

Nunca o mercado editorial brasileiro esteve tão produtivo. São cerca de 20 mil novos títulos por ano. O desafio é gerir esse crescimento e diversidade, como  concluiu o  Seminário promovido pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros, SNEL, com base em investigação em conjunto com o Coppead.

 

Leonardo Bastos apresenta o resultado da sua tese de mestrado sobre a indústria do livro no Brasil

Leonardo Bastos apresenta o resultado da sua tese de mestrado sobre a indústria do livro no Brasil

 

Foi a primeira vez que o Coppead, Instituto de Pós- Graduação  e Pesquisa em Admnistração da UFRJ, estudou o mercado editorial brasileiro. O SNEL patrocinou uma bolsa de mestrado de dois anos para o estudante de administração Leonardo Bastos que, sob orientação da professora Denise Fleck, pesquisou os cerca de 200 anos da indústria do livro no país.

O trabalho foi apresentado no seminário Desafios do Crescimento Editorial Brasileiro, nesta quarta feira, 21, no auditório do SNEL , com a presença do autor e da orientadora e mais da presidente do SNEL Sonia Machado Jardim e do diretor do Coppead Vicente Ferreira.

A professora Denise Fleck  iniciou a apresentação citando Carlos Drumond de Andrade; ”Autor, editor e livreiro formam uma trinca inseparável pela identidade de interesses culturais e econômicos. Aquele que pensa em se afastar dos outros vai se dar mal.”

Segundo ela, a historia do setor editorial pode ser sintetizada como uma luta por espaço e meios para crescer.  Mas hoje, as limitações do passado dão lugar aos desafios associados à alta velocidade de crescimento do setor. Para Denise, o objetivo do trabalho orientado por ela é gerar conhecimento de primeira linha para os gestores instalados no Brasil

Leonardo Bastos, o autor, dividiu a pesquisa sobre os cerca de 200 anos de indústria editorial no Brasil em quatro fases que começam em 1808 com a chegada da família real , pois até então a produção de livros no país era ilegal.

Cada fase é resultado de uma equação entre elementos que limitam e elementos que impulsionam a índustria do livro, sejam políticas públicas como a censura e tributação ou as novidades tecnológicas.

Na última fase, que vai de 1990 à 2012 há mais elementos propulsores que em todas as fases anteriores. As novas tecnologias facilitam desde o ato de escrever ao de diagramar e editar livros. A impressão sob demanda estimula novos autores. Há o e-commerce que leva livros onde há carência de livrarias e até o livro digital é visto como propulsor da indústria.

As politicas públicas atuais também impulsionam o setor editorial, como os programas de compra de livros pelo governo, o aumento da renda da população, e também o aumento dos níveis de escolaridade.

O estudo mostra que existem 7 tipos de crescimento na indústria, que vão do inercial ao randômico e analisa a presença de cada um deles nas quatro fases da história do livro no Brasil. Conclui que na última fase estão presentes os 7 tipos de crescimento, ausentes em certa medida nas fases anteriores.

Também analisa os desafios do crescimento em cada uma das quatro fases, que vão da gestão responsável até gerir a diversidade, destacando neste caso a deterioração do relacionamento das editoras tanto com os autores quanto com as livrarias, já que não conseguem dar a mesma atenção ao grande contigente de um e de outro.

A apresentação do estudo foi seguida de uma mesa redonda com a presença não só da presidente do SNEL, Sonia Machado Jardim ( Record) como do vice-presidente Roberto Feith (Objetiva), do gerente de produtos da Saraiva, Daniel Louzada e da professora do Coppead Denise Fleck.

Além de comentarem os dados do estudo eles responderam perguntas da plateia como uma sobre a opção de editoras de imprimir livros na China ou de como fortalecer o varejo, elo mais fraco da cadeia do livro, questão levantada pela diretora da AEL Milena Duchiade.

Para Sonia Jardim, o seminário apresentou mais pontos de reflexão que soluções para problemas  tais  como, melhorar a gestão da diversidade ou  fugir do crescimento randômico e da baixa integração na cadeia produtiva do livro.

Para ela, a concorrência com o livro digital demanda investimento tecnológico e não é viável para a pequena livraria. Esta deve focar em se tornar um lugar atrativo e citou uma rede inglesa que criou um clube do livro e vendeu 4 mil exemplares da tradução de “ A felicidade é fácil” de Edney Silvestre ao escolhê-lo como livro do mês.

O  encontro teve participação de livreiros, editores, professores, estudantes, jornalistas e políticos que, ao entrarem no auditório do SNEL, receberam a pasta com o kit sobre o seminário e um exemplar do Roteiro das Livrarias do Centro Histórico do Rio de Janeiro.

A distribuição do Roteiro, publicado pela AEL em um evento promovido pelo SNEL, mostrou a possibilidade e a necessidade de uma parceria entre as duas entidades representantes dos livreiros e editores.

Leia a íntegra da pesquisa sobre a Industria Editorial de Livros no Brasil aqui.

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