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Uma frente contra a ditadura

 

Marcus Gasparian

A família Gasparian usou a leitura como uma frente política contra a ditadura militar. Primeiro o Opinião, jornal de oposição, depois a Paz e Terra, editora que publicou autores censurados e por fim, a Argumento, livraria para vender esses autores que hoje é referência em qualidade no atendimento ao leitor.

 

 

A Livraria

A Argumento surgiu porque meu pai, (Fernando Gasparian), não conseguia vender os livros da Paz e Terra e teve uma idéia: “ Vou abrir uma livraria e colocar meus livros lá”. Abriu a primeira Argumento em Sâo Paulo, em 78, na Oscar Freire.

A minha mãe, (Dalva Gasparian) ficou brava: “Poxa! Você havia prometido que iria ser aqui no Rio”. Em 79 ela decidiu abrir uma aqui.Eu abri a livraria com ela . Fui o primeiro balconista contratado.

Quando meu pai escolheu o ponto foi jantar um dia com o Sérgio Lacerda e o Alfredo Machado, fundador da Record, e passaram em frente ao local de carro, Dias Ferreira 199. O Alfredo disse: “ Me desculpe mas essa livraria não vai durar seis meses. Essa rua é parada, escura, não tem ninguém aqui.”

Inauguramos sempre com esse pensamento: “ Não vai durar seis meses” . E foi indo. Aí o Leblon começou a ficar legal, o Baixo Leblon começou a movimentar, abriu o Celeiro e outros restaurantes. E desde então outras livrarias abriram. A rua chegou a ter oito livrarias.

Somos 3 irmãos trabalhando aqui , eu a Laura e o Eduardo. Os horários são um pouco flexíveis. Depende de quem fez a noite de autógrafos no dia anterior porque a loja fica aberta até a meia noite e meia.

Minha mãe tem 82 anos e trabalha até hoje. Vem todo dia de manhã e faz o caixa. Sempre adorou mexer com dinheiro, acompanhar as vendas e fazer as contas.

Quando a Argumento foi inaugurada, houve a anistia e os exilados estavam voltando para o Brasil. Apesar da livraria estar tão distante houve noites de autógrafos que trouxeram o Baixo Leblon para cá. Começou a haver uma circulação constante.

No lançamento de “Tempo de Arraes”, do Antônio Callado, o Miguel Arraes veio na noite de autógrafos e a fila ia até o La Mole. Quando o Celso Furtado lançou “Não à Inflação e à Recessão” a fila também foi de dar volta no quarteirão.

Tinha uma coisa bacana que se fazia e que se tornou até um ritual: acontecia quando chegavam os livros importados, da editora mexicana SigloVinteuno, de autores mais a esquerda e que não havia edição nacional.

As caixas chegavam e iam lá para cima . As pessoas vinham e eu do balcão fazia um sinal e elas subiam a escadinha. Ou eu fazia um sinal para dar um tempo porque tinha muita gente lá em cima. Parecia coisa da Resistência Francesa, na Segunda Guerra Mundial.

A Cora Ronai escreveu uma crônica sobre isso, disse que era um ritual muito romântico. A Argumento ficou conhecida como uma livraria de resistência democrática, com livros de uma editora corajosa.

Isso pega e a gente não se livra facilmente. É curioso,depois de passado tanto tempo vem gente de fora do Rio e diz: “ Essa é a livraria que era ligada ao Opinião, do Gasparian”. Isso dá muito orgulho.

.O sucesso

Quando viemos para o novo endereço, também na Dias Ferreira, em 93, havia hiper inflação. Não tinha o Plano Real. A loja era enorme para os padrões da época. E tivemos a ideia de juntar à venda de livros, a venda de CD´s ( e mais para frente os DVDs) e ter um café nos fundos da livraria. Era uma grande novidade e os clientes adoraram. Foi um sucesso.

O supermercado Zona Sul fazia uma promoção que a partir da meia noite você podia comprar no cartão. Era um grande negócio porque pagava trinta dias depois quando havia uma inflação de 50%.

A rua ficava lotada de gente esperando para fazer compras. Tivemos a idéia de deixar a livraria aberta até a meia noite e meia. Foi um achado. Para quem trabalha, ter uma livraria à noite, onde possa ir com calma é espetacular.

Às vezes o movimento da noite era melhor que o do dia. As pessoas ao invés de ficarem na rua ficavam na livraria. A Argumento também inovou ao abrir aos domingos. Começamos isso ainda na loja pequena.

Hoje domingo é o nosso melhor dia. Abrimos uma hora mais tarde e ficamos até meia noite e meia. O horário e o fato de abrir aos domingos consagraram o formato da Argumento. Começamos a ter noites de autógrafo direto.

Virou tema da novela Laços de Família do Manoel Carlos. O personagem do Tony Ramos era dono de livraria e as gravações foram aqui. As internas eram no Projac, mas as externas, entradas e saídas foram aqui.

O Manoel Carlos passou a frequentar muito. Depois fez outra novela em que a livraria apareceu com nome de Argumento. Na primeira não pôde por causa de merchandising, e se chamava Dom Casmurro. Isso atraiu muito público e até hoje vem gente de fora fotografar a livraria.

O legal disso foi que começamos a fazer muitos eventos. E a livraria ficava cheia o dia todo. Acho que muita gente que não costumava frequentar livrarias passou a fazê-lo por conta da Argumento. Vinham para o Café Severino e na saída...Acabavam vendo alguma coisa interessante e compravam. Logo o modelo foi adotado por todos, inclusive os grandes Saraiva, Cultura e Travessa.

Procurávamos inovar nos eventos, como quando a editora Nova Aguilar lançou as obras completas do Mario Sá Carneio. Chamamos a Adriana Calcanhoto para declamar as poesias dele. Ela se entusiasmou tanto que trouxe um equipamento e declamou tocando. Num disco ao vivo ela fala que a partir dalí acabou musicando um poema dele.

Quando comemoramos 25 anos teve um festaço com leitura de textos pelaa Fernanda Montenegro, Millôr Fernandes, Geraldinho Carneiro e outros. Paulo Jobin,filho do Tom, tocou algumas músicas. A Olivia Byington cantou, o Chico Caruso cantou. O George Israel fez uma performance de sax. Foi uma zona completa.

Começou a ter muitos debates e ficamos necessitando de um espaço maior para arigar todo esse público. Infelizmente aqui não tem e ainda que tivesse, o Leblon ficou caro demais para esse tipo de iniciativa.

As novas lojas

A diferença entre a Argumento do Leblon e a da Barra existe só na forma de pagamento dos livros. A gente se surpreendeu com a Barra. Quando abrimos pensamos que iria haver interesse por outro tipo de livro. Na verdade o primeiro livro que vendemos lá foi da Clarice Lispector.

Estávamos enganados com o público de lá. Não podemos esquecer que além da classe emergente com que se costuma caracterizar a Barra, alí tem muito professor porque é mais barato morar.Tem muitas faculdades. Tem muita gente da Zona Norte que invés de ir ao Centro em busca de cultura pega a linha Amarela.

Já percebemos que 30 por cento do nosso público na Barra vem da Zona Norte. Outros 40 por cento é do bairro e, surpreendentemente, 30 por cento da Zona Sul. A maioria sai para ir a um shopping na Barra. Alguns vão especificamente na livraria porque gostaram do livreiro.

Em termos de compra,a loja da Barra e a do Leblon são muito parecidas. Difere na forma de pagamento. Na Barra a gente vê muito mais nota de cem. Quando existia o cheque pré datado era impressionante. Aqui havia bolos e lá nenhum, era tudo cash ou cartão de crédito. Na Barra tem mais dinheiro vivo e cartão. Aqui tem mais cheque e cheque pré datado.

Lá também temos clientes famosos, só que em horários completamente diferentes. Willian Bonner e Fátima Bernardes, Xuxa, que ia muito em horários alternativos. Tem muito artista lá, aqui já é uma coisa mais boêmia, de rua.

Em Copacabana, na Barata Ribeiro, abrimos em 2006, dois meses depois que o meu pai morreu. Abrimos porque tínhamos muitos clientes em Copacabana que vinham aqui. Mas não fizemos uma pesquisa de mercado para saber se havia público que frequentasse lojas comerciais a noite e nem aos domingos. E por isso , não deu certo. A loja ficava vazia nesses horários, inviabilizando o nosso projeto. Fechamos em 2010.

Bastava andar mais por Copacabana e perceber, por exemplo, que é um bairro que não tem comércio no domingo. Tudo fecha. As pessoas não têm o hábito e ninguém sai para comprar. As oito horas da noite está tudo deserto, ninguém na rua.

Abrimos a livraria para pegar carona na Modern Sound que fechou pouco depois. Era uma loja tradicional com uns 40 anos. Quando abrimos nem colocamos cds. Tinha o café, a livraria e do lado uma loja de cds maravilhosa, a maior do Rio.

Mas a gente não foi lá para ver se tinha muvuca à noite. E não tinha. Eles abriram um bar que dava shows mas que só tinha público quando tinha show. Sábado, as duas horas acabava. A gente ficava de duas às dez sozinho, não tinha nada, nada.

O livreiro

Tenho orgulho de ser livreiro carioca. Todo mundo gosta das livrarias cariocas. Todo paulista chega aqui e diz isso. Muitos dizem que elas têm uma dimensão humana, onde se sentem mais acolhidos.

Acho que o nosso negócio como livraria vai se manter por um bom tempo pelo espaço que é. Pelos livros e pelos livreiros. O livro demorou tanto tempo para ser feito. Tem uma história tão longa. Acho que vai demorar para reverter

Quem vai acabar são as grandes redes. Você compra no site, pode baixar. Você conhece alguém que é fiel à La Selva? É uma compra de oportunidade, por impulso. Isso vai ser cada vez mais canalizado para venda em sites, com descontos incríveis.

Gostava de livros antes, mas quando fui trabalhar na livraria adquiri um gosto diferente. É o prazer de viabilizar a leitura do próximo. Um prazer talvez até maior do que ler.

Mas se um dia isso virar um balcão com as pessoas sentadas na frente de um computador acho que o livreiro continua a existir. Não há tecnologia que substitua essa figura, o olho no olho.

Na Argumento não chamamos de vendedores. São todos livreiros. Incentivamos muito que eles tenham sua clientela particular. Costumamos fazer um paralelo com o teatro. O espetáculo quem faz são os livreiros, eles que atuam.Nós somos apenas os donos do teatro. Cuidamos para que as cortinas abram, a iluminação esteja em ordem e a bilheteria funcione. E também, escolhemos as peças. Mas são os livreiros os principais atores desse negócio. Com livreiro ruim, nenhuma livraria se estabelece.

Tivemos vendedor que fugia do cliente, se escondia. Também já tivemos livreiros com posições muito filosóficas a ponto de dizerem:” Esse livro é uma bobagem”. Assim também não dá. Todo livro é uma bobagem, ou não.

Concordo que o principal em uma livraria é o acervo. Mas acho que não podemos endurecer demais. Temos que pensar no conforto do público. É difícil uma pessoa entrar em uma loja que só tenha livros. O espaço do café contribui.

A música também anima. Não dá para ser tão purista: uma livraria com excelente acervo e excelentes livreiros. A livraria vai valer cada vez mais pela experiência. Os caras de marketing gostam dessa palavra "experiência".

A experiência de entrar na Leonardo da Vinci com todos aqueles livros e pessoas é algo que atrai. Mas se aquela experiência puder ser multiplicada e você puder ficar mais tempo lá dentro, com espaço para sentar, um sofá, um café, melhor ainda.

A livraria que mais nos inspira é a Leonardo da Vinci. Temos uma inveja boa,. Porque eles são muito bons no sentido de atender o público, olhar catálogo, escolher os livros. Alí tem um clima espetacular, ainda que não tenha um café.

Aqui tem gente que vem só para o café. O diferencial é que tomamos conta do café, as outras livrarias terceirizam. Temos uma coisa que se chama Café do Próximo: você paga o seu café e deixa pago o café do próximo. Você pode sentar aqui e pedir: “ Quero dois Cafés do Próximo” e não vai pagar nada.

O Opinião

A entrada no ramo livreiro foi meio por acidente. A motivação da família Gasparian não era econômica. Foi muito mais uma frente política. Na época tínhamos acabado de voltar de um auto exílio em Londres, que meu pai se impôs entre 70 e 72.

Ele retornou com o projeto do jornal Opinião baseado nos contatos que teve com o pessoal do jornal inglês The Guardian, do New York Review of Books, em Nova York, do The Observer, também inglês. Propôs fazer um jornal no Brasil com artigos deles e mais o material produzido pela sua turma. FHC, Celso Furtado, Antonio Callado, Pedro Malan, Francisco Weffort, Paul Singer, Barbosa Lima sobrinho, Luciano Martins e outros mais.

A idéia dessa coligação internacional foi de que isso blindaria o jornal no Brasil evitando a possibilidade de apreensão. Seria um escândalo o governo brasileiro apreender um jornal que fosse correspondente de uma publicação inglesa.

Mas isso não impediu os militares de prenderem meu pai várias vezes e confiscar toda a tiragem. O jornal foi uma epopéia, um marco na história da imprensa brasileira. Por conta da vontade de fazer um jornal de oposição aos militares ele acabou se tornando uma vitrine do pensamento brasileiro mais moderno na época.

Alí surgiram pessoas que estavam circunscritas ao meio acadêmico e puderam se tornar conhecidas nacionalmente. Foi o caso do Fernando Henrique Cardoso. O jornal Opinião foi o primeiro onde ele começou a escrever e ser lido por empresários, jornalistas. Por que antes estava dentro da universidade apenas.

O Opinião abriu algumas frentes novas. A primeira delas foi na parte visual. Quem fez o desenho do jornal foi o Elifas Andreato. Quem começou a colaborar como chargista foi o Ermenegildo Sabat, argentino que até hoje desenha no Clárin, também colaboravam o Chico Caruso, o Trimano e o Cassio Loredano.

Tinha um aspecto visual muito interessante. Por causa da censura se colocou páginas em preto. Depois não podia mais o preto. O Opinião tem umas histórias bem engraçadas. Havia uma coluna de xadrez traduzida do Guardian, muito lida. Só que toda vez que o russo ganhava a censura cortava. Era o Kasparov, na época.

Hoje a gente tem o estado de direito. Naquela época não. Havia assuntos proibidos. Era uma coisa mal feita, baixo nível. Ficaremos sempre preocupados quando começam algum tipo de cerceamento da imprensa.

O lado econômico é mais forte. A gente vê o governo fazer propaganda em jornais que o apoiam. Isso vai sempre existir. No livro “Minha razão de viver”, o Samuel Wainer mostra essa relação entre poder e imprensa. Ele até fala que esse tripé , poder executivo, empreiteiros e imprensa, funciona muito bem há anos.

A imprensa, como tudo no Brasil, evolui. Éramos um país rural que tinha uma imprensa absolutamente patrimonialista.Obedecia aos poderosos e hoje não é tanto. Mas ainda existem pontos que não são tocados.

No Rio de Janeiro se o jornal está de bem com o Cabral e o Paes por causa das Unidades de Polícia Pacificadora você não ouve falar mais de nada. Há uma certa condescendência:” Pelo menos eles fizeram isso. Então vamos deixar quieto o resto”.

A Paz e Terra

Tínhamos um jornal publicando pessoas importantíssimas, idéias incríveis e esses caras não estavam com livros publicados no Brasil. Então surgiu a necessidade de uma editora.

A Editora Civilização Brasileira que era porta voz desse pessoal estava sob observação dos militares.Podia fazer pouquíssima coisa. Meu pai teve a idéia de comprar a Paz e Terra do Ênio Silveira que a tinha comprado de uns padres para ,por causa do nome, camuflar um pouco a publicação de livros mais de esquerda.

O nome Paz e Terra é uma encíclica papal. Vem de uma corrente de idéias religiosas católicas. O meu pai comprou a editora e logo em seguida publica Paulo Freire, que estava proibido no Brasil. O maior educador brasileiro estava proibido aqui e as pessoas o liam em espanhol.

A editora começou a ir bem, publicando textos ótimos. Publicou o Hobsbawm, historiador inglês, lá dos anos 70. Publicou o Foucault. Mas começou a ter dificuldade de escoar, porque algumas livrarias tinham um certo receio. Entre elas a Siciliano, que despontava como grande rede, a Entrelivros também.

Naquela época estavam queimando bancas de jornal. Bancas que tinha o Opinião pegavam fogo e eles colocavam “Comando de Caça aos Comunistas”. Por isso algumas livrarias ficavam com receio, uma preocupação legítima, não era nenhuma vergonha.

Muito tempo depois, e já livres desse período de medo, a Paz e Terra lançou uma linda coleção de livro de bolso que acabou inspirando outras editoras a fazer o mesmo. Lançou livros muito bons que logo se tornaram de grande vendagem. Tinha também os clássicos: O Príncipe, O Manifesto Comunista, A Dama das Camélias.

Nesse formato lançou o grande bestseller da Paz e Terra ,”Pedagogia da Autonomia”, do Paulo Freire, que em dez anos vendeu um milhão de exemplares. Esse formato deu muito certo. Depois a LPM lançou também no mesmo formato, a Best Bolso, a Record.

O catálogo da Paz e Terra era mais de esquerda. Não tão à esquerda como a Civilização Brasileira. Os três que trabalhavam nessa linha eram Jorge Zahar, Paz e Terra e Civilização Brasileira. Nosso catálogo estava muito ligado à Universidade.

Nós vendemos a Paz e Terra por causa dessa lógica terrível do mercado em que você depende de alguns grandes players. Vendemos para a Record. Você demora um tempão para fazer um livro, gasta uma fortuna, vai buscar o maior livreiro, com a maior rede de lojas para expor aquele produto e não consegue nem deixar em consignação.

Se a Saraiva, o principal player do negócio está com essa cabeça de só vender os bestsellers vai ser muito difícil recuperar o investimento. Precisávamos de uma recuperação, de um caixa, para dar uma estabilizada. Quando um negócio não nasce para ser um negócio mas uma frente política, ele sofre muito, é difícil consertar.

No ano passado percebi que não havia possibilidade de recuperação. Chega a um ponto onde você não consegue escoar seu livro. Se todos fossem iguais à Milena, ao Ruy, ótimo. Se você não tiver em seu catálogo um bestseller você nâo consegue colocar um livro que é ótimo

A AEL

A AEL é mais forte que a ANL. Tem muito mais vontade de brigar , de reinvidicar. Eu trabalhava na Câmara Brasileira do Livro e via a ANL sempre calma. A AEL me causava se não um receio, um respeito: “ Esse pessoal briga forte. Vai no jornal e escreve artigo. Espinafra os editores”. Tem de ser assim.

A AEL é mais atuante, mas é menos representativa. Se o governo quiser fazer alguma coisa pelas livrarias vai procurar a ANL. A melhor coisa seria a Milena, da Da Vinci ser presidente da ANL, ou o Ruy da Travessa, ou o Antônio Carlos, da Galileu.

Já fui presidente da AEL mas parei totalmente porque nossa vida ficou muito tumultuada. Meu pai morreu, assumi uma editora. Minha vida virou de cabeça para baixo, com filho pequeno, ponte aérea para São Paulo toda semana.

Também como eu iria frequentar a AEL sendo editor. Tinha editora e não conseguia botar livros nas livrarias. É aquela coisa do comércio. Briga daqui e briga dalí para chegar a um meio termo. Comércio saudável é esse e eu tinha de brigar com livrarias.

É hora de criar a Liga das Livrarias Independentes. Os interesses são tão diversos e até antagônicos. Quem é que tira o cliente nosso, ou da Leonardo da Vinci? É o site, dando 20 por cento de desconto em tudo. Ou você vai na Saraiva e está tudo com desconto. Ou os editores vendendo direto pela internet.

A Lei do Preço Único para o livro é uma iniciativa. Não é uma tábua de salvação. Pode ajudar se entrar em uma cesta de iniciativas que tornem o negócio do livro mais convidativo.

Também não quero ajuda, não quero bolsa livreiro. Uma reunião onde se possa colocar gente de outras áreas, economistas que gostam de livros, para pensar em produtos como o livro eletrônico à médio prazo seria uma boa para a AEL.

Está na hora das livrarias independentes se unirem, mas aí vem qual o critério para ser independente? Essa livraria faz isso? Dá desconto? Tem site agressivo?

Tirando essas não sei quantas sobram. Tem de haver um debate. Levantar os principais tópicos e perguntar;” Quem é a favor disso?” Se a gente chegar a alguns pontos em comum podemos fazer uma Liga